sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Recado:

Amor,

Não sei onde perdi aquele meu talento.
Não duvide que lhe prefiro no rosto o sorriso à lágrima.

Sua boba preferida,

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Pedido de desculpas; ou, sobre justificar minha estupidez por hoje ter lhe feito chorar; ou ainda, sobre eu lhe amar tanto que...

Mais de uma vez me chamaram: mar. Muito provavelmente pelos olhos verdes que de quando em quando se azulejam. Mas. Fico aqui pensando se também não seria por que na superfície de mim quase nunca é calmaria. Ouvem-se os ruídos; vê-se a espuma - a volúpia agressiva, uma quantidade imensa de água que se lança à praia. Esporadicamente encanto; inevitavelmente assusto. Sempre o dano. Isso é coisa certa.

E eu juro que queria ser rio. Saber onde começo e termino. Desaguar. Queria ter margens e quase nunca avançar de forma imprevisível. Ser navegável. Ter caminho único, me deixar... Mas a mim, coube nascer confusa, e como se não fosse suficiente ser desnecessariamente imensa, por vezes, me confundo com céu. Veja que coisa grande: ser céu-e-mar. É quando lhe sou inalcançável, distante... É quando em mim faltam parâmetros – não lhe permito ver horizontes. Sou tanta coisa e lhe dou quase nada.

Incoerente. Lhe permito nadar em minhas piscinas rasas e quentes. No entanto, a maior parte de mim é abissal. Por isso que dia não, dia sim, lhe inundo. Lhe imponho minha frieza e lhe faço sufocar em minhas mágoas. Porque, de repente, você se acostuma e se entrega e vai morar no fundo azul de mim.

Venha. E se deixe afogar. Porque, amor, para me amar precisa ser assim: um mergulho sem volta.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

One month anniversary

Sinto você em cada pedacinho de mim, no cansaço do meu corpo. Meu perfume tornou-se outro: é seu o cheiro da minha pele. Não tenho lhe dito muitas coisas. Desaprendi o que fazer com as palavras... Não sei traduzir o que o coração diz. Mas suponho que seja qualquer coisa assim: depois da dor o descanso: I got you all over me.
Parabéns para nós, amor. Como andam dizendo por aí: somos o casal de intelectuais mais bonito que já se viu.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Faltam 4 dias

Olha amor, já está acabando o meu repertório de encantos. Os meus sorrisos, você conhece todos. Minhas piadas, insisto em repeti-las. E eu ainda nem perto de lhe desvendar... Faz um pacto comigo: me deixe fazer isso pro resto da vida. Preciso. Ou há de me faltar o ar. É assim mesmo: uma coisa piegas... Como as músicas que lhe canto: “Amor, estou ligando pra saber onde você está”. Violão desafinado. Voz fora de tom. Me perdoa se lhe roubo beijos e abraços em momentos não apropriados. Peço a deus que se acostume com esse meu jeito destrambelhado. Aceite esse meu amor. Porque eu ando assim tão apaixonada: me perco em mim mesma esperando você me achar. Não sei por que penso que lhe convenço com essa coisa brega. O desespero. Nunca fui tão feliz. Você dormindo é tão bonito. E eu, aqui, inquieta, achando que é beleza demais... E que sei lá... Felicidade assim é coisa que a gente não se acostuma...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Sobre sentidos; ou, sobre a felicidade de lhe ter

A casa está cheia de sons. As paredes se descascando, mudando a pele, me falam de alguém e não de quando. Porque essa coisa de quando é de fato estranho. Foi no quando de me perceber habitada que o tempo não é mais nada, senão, o tique-taque de um relógio. Mais um som. Passado, futuro e presente numa porção só: presentificados por um cheiro.

Bom é quando a pele me fala de um quando: agora. Basta você... Habitante de mim... O cheiro...
E os sons de nossa casa querem um lugar para se entranhar entre as camadas de tintas - pelas partes desnudadas - com vergonha, ou inveja.
Depois de um tempo, que não se sabe quanto, acho que eles saem de lá em forma de música. Parecem cantarolar uma melodia conhecida. Celebram essa coisa bonita que se chama: nós.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Amém

Todos perguntam sobre a vida de casada e eu: “estou sendo perigosamente muito mimada”. Sempre rodeada de cuidados. Cafés da manhã, almoços e jantares... Bom, a mim, só resta lhe encher de beijinhos e lavar os pratos (quando não invento desculpas esfarrapadas).

Preocupei-me com o meu pouco. Tenho talento para quase nada. Mas. Dei-me conta de alguns. Sou capaz de escolher bons vinhos. Estou aprendendo a fazer pudins. Sou sua compradora oficial de amanditas.

Espero que já tenha se acostumado. Eu sempre acho de arrumar espaço para minha arrogância. Particularmente me gabo do meu talento de lhe fazer sorrir. Ainda que recompensada por esse seu sorriso que começa em um dos lados, toma conta de toda a boca, depois: rosto, pescoço e o resto do corpo: a felicidade pululando sem ter como a deter.

Eu poderia ter isso como uma simples troca. Até por que, pensando direitinho, seu talento é infinitamente maior: fazer-me feliz. É pura pequenez: quero ser maior que você em alguma coisa. Ainda que tenha plena consciência de que me tornei absurdamente maior depois de você em mim.

Amor, eu estou atada por contrato irrevogável: até que a morte nos separe. E falo de morte de alma. No dia que não houver mais alma para dar, sepultarei o corpo (coberto por essa pele cheia de pintinhas que não sei por que você gosta tanto). Sem alma serei incapaz de lhe fazer soar um riso... Daí o corpo será só essa coisa sem graça (que engorda, ainda bem que hoje lhe fiz prometer que vai me amar mesmo assim, enquanto houver alma).

Casamento é isso que temos. O sorriso ainda que algumas dores. A leveza ainda que o pesar... Quando estou no seu colo as angústias me parecem banais. Pretendo gastar os meus dias ao seu lado, lhe encher de beijinhos e continuar jurando que lavo os pratos...