quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Pedido de desculpas; ou, sobre justificar minha estupidez por hoje ter lhe feito chorar; ou ainda, sobre eu lhe amar tanto que...

Mais de uma vez me chamaram: mar. Muito provavelmente pelos olhos verdes que de quando em quando se azulejam. Mas. Fico aqui pensando se também não seria por que na superfície de mim quase nunca é calmaria. Ouvem-se os ruídos; vê-se a espuma - a volúpia agressiva, uma quantidade imensa de água que se lança à praia. Esporadicamente encanto; inevitavelmente assusto. Sempre o dano. Isso é coisa certa.

E eu juro que queria ser rio. Saber onde começo e termino. Desaguar. Queria ter margens e quase nunca avançar de forma imprevisível. Ser navegável. Ter caminho único, me deixar... Mas a mim, coube nascer confusa, e como se não fosse suficiente ser desnecessariamente imensa, por vezes, me confundo com céu. Veja que coisa grande: ser céu-e-mar. É quando lhe sou inalcançável, distante... É quando em mim faltam parâmetros – não lhe permito ver horizontes. Sou tanta coisa e lhe dou quase nada.

Incoerente. Lhe permito nadar em minhas piscinas rasas e quentes. No entanto, a maior parte de mim é abissal. Por isso que dia não, dia sim, lhe inundo. Lhe imponho minha frieza e lhe faço sufocar em minhas mágoas. Porque, de repente, você se acostuma e se entrega e vai morar no fundo azul de mim.

Venha. E se deixe afogar. Porque, amor, para me amar precisa ser assim: um mergulho sem volta.

Nenhum comentário: